terça-feira, 30 de junho de 2009

A Mulher De 35 Anos


www.olhares.com Foto: Happy Birthday - Pedro Cabral

Hoje compreendo quando minhas primas diziam: “gostaria de ter vinte anos de idade, com a cabeça de trinta”.

Nossa, eu ainda lembro-me que ouvi isso aos oito anos de idade, e ficava imaginando o quê elas queriam dizer com tal frase melancólica, num suspiro de lamento...

Agora posso compreender essa vontade utópica de ajustar o ponteiro da idade cronológica de 20 anos ao ponteiro da maturidade que tenho hoje. Então, eis a compreensão da cabeça de uma balzaquiana que hoje pensa igual àquelas jovens adoráveis e modernas da década de 80 – Que passado os 20, chegado aos 35, amadureceu assim:

Aprendi a beber apenas o leite que NÃO foi derramado...
Que se não der certo por esse caminho, procuro outra saída...
Aprendi a reconhecer as minhas limitações, mas saber que tenho o meu valor...
Aprendi que decisões extremas são tomadas em momentos extremos...
Que não importa o que eu fui. Importa quem sou hoje...
Que eu não preciso de um amor para a vida toda, mas que seja eterno enquanto durar!
Aprendi que olhar no olho e dizer eu te amo, não tem preço!
E que tenho colo, quando preciso, mesmo beirando os 35 anos!
Que dormir e acordar ao lado da pessoa amada no dia do níver é um presente merecido!
Aprendi que foi cultivando amigos que os tenho desde a quarta série.
Aprendi a rezar e conheci o poder da oração que liberta a alma...
Foi perto dos 35 que conheci meu Anjo (mesmo) de carne e osso. Sou-lhe grata. Ele me ensina muita coisa: inclusive, a mapear a minha vida!
Percebi que não era o acaso que me protegia, e sim, Deus!
Percebi a minha maturidade misturada a uma maneira espontânea de ser... Esse é o meu tempero na casa dos 30!
Aprendi a rir dos meus fracassos... E mesmo rindo deles, eu não fico estagnada!
Aprendi que tento, portanto, tenho muito mais que antes...
Que pelo menos procuro ser disciplinada...
Percebi que sou uma mãe dedicada, paciente e firme.
Que posso apostar em todos os meus sonhos...
Que foi muito importante fazer terapia!
Que adoro sucos desentoxicantes, pão integral, iogurte com mel e granola. Que não gosto mais de comidas como gostava antes, e por isso, como melhor e com muito mais qualidade... Malho, corro, cuido muito mais de mim!
Aprendi a sentir saudades! Acredite: eu não sabia o que era isso. De certo modo ficava frustrada. Não há sensação mais gostosa!
Que adoro ficar linda e perfumada!
Aprendi que ser generosa é um dever: doei sangue, doei medula óssea.
Que fico vaidosa porque todo mundo me dá 25 anos. Até ontem, nunca me davam 34 anos. Não há exceção nesse caso! Todos ficam chocados com minha cara de menina!
Que quando não há solução, a palavra de ordem é: abstrair sempre!
Que gosto da ironia refinada, do jogo de palavras, de falar bobagens, e de conversas inteligentes, do meu senso de humor...
Que quando o moço do supermercado diz ao colega: “hoje, não atendo ninguém mais”. Dá uma pausa e diz: “claro, só mulher bonita”! Eu respondo: Ah, tá! Eu já ia perguntar sobre isso! E todos ao redor riem. Sei que isso não é uma cantada barata, é uma forma de levar a vida numa boa! (Nessas horas tenho sempre uma resposta bem humorada na ponta da língua, nunca me deixo intimidar).
Que não consigo gostar de filmes de terror mesmo!
Que um dia dá vontade de quebrar o espelho, e no outro, de me deixar fotografar o dia todo...
Que tudo que é bom, despenteia! Que quanto mais despenteada, melhor.
Que uso muito (!) porque falo com firmeza!
Que tenho uma família maravilhosa, saudável e completa!
Que eu não preciso de 35 razões para sorrir!
Que eu não tenho picos de felicidades, mas que sou feliz pra valer!

Feliz 35 anos, pra mim! :O)

domingo, 28 de junho de 2009

Sobre Separação

Peço licença ao meu ex-marido para falar sobre o nosso casamento, sobre nossa separação. Afinal, não subi ao altar sozinha. Não me separei sozinha. Subi ao altar imaginando ser para a vida toda. O fim, não é motivo de lamento, mas nos perdemos em algum momento desse caminho.
Apostar em uma vida a dois e compartilha-la a partir do “sim”, requer uma atenção: casamento é um voo a dois! A partilha dos mesmos sonhos e projetos, os olhos voltados para o mesmo horizonte, se dissolveram com o tempo, mesmo que a aspiração ardente tenha se dado ainda no namoro. Penso que muitas vezes os casais ajam em detrimento à falta de diálogo. Deixar de dizer o quê cada um espera do outro realmente. A franqueza mesmo.
No início do fim, lembro-me da dor física que senti. Porque tudo caiu! Dividia uma vida; uma vida com filhos. Uma família que tinha que deixar de ser, que seria desmembrada. E questionava: como vai ser? Recomeçar? Uma visão zero por cento de clareza. Não enxergava um palmo à frente, uma possibilidade remota de uma vida melhor, porque naquele momento aquela vida que eu tinha me era suficiente, fosse boa ou ruim.
Andei meio perdida (mesmo tomando parte na decisão), mas eu nunca perdi a vontade de viver, nem mesmo nunca senti vontade de matar. Sustentava dentro de mim uma força, uma força advinda do meu entusiasmo. Uma força inabalável. E fui viver... Reaprender. E vivi, sobrevivi. Sou muito feliz. Sou muito melhor do que fui um dia, quando solteira, quando casada. Cresci absurdamente. Não digo que as pessoas necessitam sofrer para crescer, mas se acontecer saiba que é uma excelente oportunidade de aprendizado. Aviso: isso não é uma ironia.
Talvez, ambos precisavam se separar para serem melhores sozinhos, apesar daquele momento intempestivo, eu não conseguir ter a noção de que se perdia ali, para ganhar lá na frente. Conclui que medo de ficar sozinha pelo resto da minha vida, eu não tenho mais! Se preciso for, recomeço tudo de novo!
Ontem à noite, arrumei a mala dos meus filhos para as férias na casa do pai deles. Faço isso como um dever e com muito carinho. Espero que eles se divirtam muito. :O)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Meu Dentinho

Mantenho uma pasta com papeis de quando eu estava grávida. Desde ultra-sons, até convites de aniversários que meu filho passou a ser convidado depois do nascimento dele. Foi uma idéia que pensei quando o meu primeiro filho nasceu. Abri-la de novo é voltar em um tempo de muitas saudades. Saudades de quando ele ainda media 51cm.

São registros da minha gravidez e do nascimento dele (e do irmão dele). Muito bem organizada. Só as que eu julguei importante, guardei. Tem até um cachinho com fios de seus cabelos. É a coisa mais linda!

Ontem à noite, ele disse: “vovó, tem areia na minha boca”. Minha mãe pediu para ele por para fora o quê estava trazendo desconforto. Era um dentinho! Mas minha mãe não entendeu o formato do dente, porque ele estava jantando, e misturou-se ao alimento. E o dentinho foi jogado fora, sem querer.

Eu disse para ele: filho, quando este outro dentinho aqui cair, se você vir, guarda pra mamãe, porque a mamãe vai fazer um pingente, tá?

“Mamãe: a fadinha levou meu dentinho. Ela vai por embaixo do meu travesseiro, depois vai pega-lo, e trocar por um brinquedo”.

Eu disse: Não, filho! Ela vai trocar por outro dentinho novo!

Ele ficou pensativo...

domingo, 21 de junho de 2009

Sem Itália, Não Dá

Seleção Italiana de Futebol

Não gosto mais de jogos de futebol como gostava antes. Mas não dá para deixar de assistir os jogadores da seleção italiana em campo. Quero registrar aqui a minha tristeza por causa do resultado do jogo Brasil x Itália, na Copa das Confederações, apesar do Brasil ter ganhado a partida, apesar de não ser italiana.

Apenas lamento porque a beleza masculina mais sexy do mundo (os italianos) foram despachados num "chocolate" 3 x 0, pelo Brasil! Então, fica difícil continuar vendo apenas gols! :O)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Namorados

Amar é compartilhar momentos sublimes como um simples olhar, numa noite a meia luz, ao tilintar de taças transbordantes de vinho tinto gelado...

Gelado também é o gosto do beijo, que o olhar puxa cheio de desejo que o riso deixa escorregar pelo canto da boca de amor e de desejo...

Desejo é a vontade de possuir, o desejo a aspiração ao sentir o cheiro suave, o suor que escorre, no momento ofegante da paixão...

Paixão é estarmos sobrepostos à lucidez e a razão. Para quê serve a razão quando há paixão? A paixão ultrapassa os limites da lógica, da razão... E o tempo? Esse não deveria existir quando se está amando, no êxtase do arrebatamento íntimo.
Com você, por você, sei que vou olhar para trás e dizer: valeu a pena!



Post atrasado. Problemas técnicos.
LOVE YOU, Xuxu!

domingo, 7 de junho de 2009

Amar É Impor Limites

A arte de educar, para nós, como pai e mãe, esbarra-se em um dos pontos discutidos hoje, como relevante e fundamental para a construção do caráter e da personalidade da criança: o limite.
Dar amor, carinho, assim como as demais prioridades básicas, e dizer NÃO - apesar de muito difícil - faz-se necessário para a criança crescer saudável e naturalmente, saindo da condição de "centro das atenções", e apartir daí, construir uma base como parte integrante da sociedade, e não como o Ser principal do meio ao qual está inserida.

Ao optar em dizer NÃO a criança, não desfaça em um SIM em seguida, nem tampouco não arrume um atalho para ela chegar a ter o que deseja. SIM é SIM, NÃO é NÃO. Mas antes tenha a certeza que você não dirá um NÃO apenas porque está usando uma negativa como subterfúgio para não atende-la por qualquer outro motivo que não seja um motivo razoável. Quando assim o disser, explique, olhe no olho, seja firme. E principalmente, mostre que isso nada tem a ver com o amor que você sente por ela.

Sempre participo das palestras de médicos e psicólogos que a escola dos meus filhos oferece. Durante o ano todo são diversas. Sinto os pais completamente perdidos, especialmente porque os dois trabalham fora, ou porque apenas um participa mais. Na maioria, percebo que educam individualmente. Isso é perigoso, porque um diz sim, o outro diz não, sobre o mesmo desejo da criança. Espertas como são, conhecem as vulnerabilidades dos pais. Sabem que podem usar em benefício próprio. E o NÃO pode virar um SIM, rapidinho. É só uma questão de tempo, e tempo de sobra é tudo mais que eles dispõem na vida. Não se culpem quando precisarem agir. É trabalhoso educar, impor limites, mas vale a pena. É um ato de amor. Estamos preparando-os para a vida!

Ontem eu precisei usar o NÃO. Como é difícil! Não, porque você queira aliviar-se do choro do seu filho, mas sim, porque você está negando um prazer. Mas é exatamente aí que mora a oportunidade de educar: você terá a chance de ensinar que toda ação tem uma reação, que toda escolha tem um caminho a ser tomado, e que toda atitude, tem uma consequência.

Não permitam que seus filhos cresçam sem limites, porque lá na frente, eles enfrentarão caminhos de pedregulhos, e certamente vocês não estarão lá para trocar o severo NÃO, por um suave SIM!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Minha Silenciosa Dor

Faz tempo que eu a sinto.
Há dias que me incomoda tanto!
Preciso ficar quieta para amenizá-la, mas nem sempre dá para “curti-la”. Dói! Dói muito! No dia seguinte é como se nunca a tivesse sentido. É como se as lágrimas caídas no dia ou na noite anterior não tivessem sido roladas. Meu rosto está completamente enxuto.

Ninguém a conhece. Ninguém sabe dela. Sinto quietinha, apenas!

Compartilho agora porque ontem à noite a senti de novo. Doeu profundamente! Resolvi, então, desabafar! Por quê? Não sei! Não há um propósito. Apenas espero que ela não volte mais!
:O)

Sobre A Morte E O Morrer De Rubem Alves

Fotografia: Ernane Faustino - S/T
“Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade. (...) Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia”.

Lembrei-me desse texto do magnífico Rubem Alves sobre a morte. Ele tem uma visão menos egoísta, mais ampla acerca da morte, e nos remete a um outro ponto de vista sobre tentar a custa do sofrimento, manter uma vida que não mais vive. Pela sua habilidade de escrita, parece nos convencer sobre optar pela eutanásia, em circunstâncias de dor e sofrimento na cama de um hospital ser nada além do que uma forma de morrer em paz para aqueles que padecem.

A morte nunca deixa de causar angustia e sofrimento aos que ficam. Lacunas de profunda saudade e a sensação de dor sentimental eterna. Partindo dessa visão de Rubem Alves, imagino a minha tia. Ela foi aberta duas vezes em uma mesa cirúrgica, na tentativa da sua vida não fosse ceifada. Não sei se ela sentiu dor em algum momento. Não sei se ela clamou pela morte, mas pela serenidade em que levou por toda a sua vida, talvez ela quisesse ter a oportunidade de escolher entre morrer em uma mesa cirúrgica (num sofrimento profundo e solitário), talvez ela quisesse morrer junto aos seus.


79 anos, tia Maria Marques, irmã mais velha de minha mãe.

Texto na íntegra de Rubem Alves: http://www.releituras.com/rubemalves_menu.asp