domingo, 8 de fevereiro de 2009

Todo Caminho Tem Volta

Foto: Grace Kelly - High Socity
Ouvi uma história que dizia mais ou menos assim: uma moça, chamada Juliana*, tinha por volta de 25 anos, escolheu um caminho para fazer uma viagem com muitas expectativas e sonhos. Mas nunca podemos prever a chegada. Às vezes, não é exatamente como nós pensamos. Assim, foi o caminho escolhido por ela. Sonhou, mas não planejou. Não contou com os imprevistos e percalços, e acabou por pegar um avião errado e foi dar com a cara em outro lugar. Como aconteceu? O narrador não deixou claro. Mas isso pouco importa. O mais importante é que ela já estava em outro mundo, sem saber como iria fazer para ir ao local-destino que havia escolhido com tanto entusiasmo e esmero. Ficou até entusiasmada com a idéia de estar ali. Importante naquele momento era viver diante das circunstâncias e complexidade de uma nova vida. Pelo que pude compreender, ela passou muito tempo apenas vivendo; invés de procurar voltar, ela ficou. Encontrou um emprego, namorado, casa, amigos... Mas não se encontrou. Foi suportando sem se dar conta de que tudo estava equivocado. Porque ali não eram os seus planos de verdade; mesmo que tenha conseguido driblar a situação, ela não havia escolhido viver naquele lugar de fato, com aquelas pessoas, naquela situação. Longe de tudo e de todos. Longe dos sonhos que ela construiu dentro dela, da vida que imaginava levar caso tivesse dado tudo certo. Quando as coisas começaram a dar errado de fato, e surgiu um problema sem tamanho, ela percebeu que apesar de ter tentado acertar em um outro lugar, errou! E aí, tudo veio à tona! Questionou, se pudesse ter tomado o caminho certo ou o caminho de volta, poderia ter se saído melhor. Ter mais possibilidades de acertos. E, claro, se perguntou: Por quê? Por que tudo estava errado, apesar dela ter aceitado estar ali? Fez um retrospecto e percebeu que havia tentado dar o seu melhor. Perguntou-se por que não houve uma luz intuitiva, daquelas que sem querer o acaso lhe protege? Então, como não havia quase nada a perder se já havia perdido os sonhos, tudo... Resolveu, que pra tentar tornar as coisas menos difíceis, o ideal seria voltar e tentar de novo. E a dúvida surgiu: o que vão dizer? Como vão me receber? Não fiz nada. Pouco construí e o pouco que tinha, acabou! E vou voltar ao marco zero! Pensou, pensou, e realmente, imaginava que ela era uma casa submersa no vazio. Quanto mais o tempo passava, mais obscuro ficava. Enfim, sentenciou: saiu de lá. Angustiada, ferida, sentindo-se derrotada, e se sentindo indigna. Creio que essa falta de dignidade tenha sido o ego ferido, sei lá. De ter sido traída pela vida! Pelo que percebi tudo aconteceu de ruim ao mesmo tempo. Mas sentia que a ferida maior era a ferida na alma. Essa dor só sabe quem sente! Não adianta imaginar. Tudo dói. O lamento dói! Conheci Juliana*. Era uma menina cheia de entusiasmo, de fé, fazia voluntariado, era muito feliz. Tinha sim uma vida modesta, mas era plena. Tudo dava muito certo em sua vida. Uma coisa ou outra não saia como planejara, porém, nada comparado a essa tragédia grega. Recomeçou toda destruída. Juntou daqui, dali... Pela conclusão que fiz, tem demorado pra encontrar a porta certa. Mas o importante é que sobreviveu, e está lutando pra ser feliz!
História real. Nome preservado!

2 comentários:

Anônimo disse...

Até chorei lendo essa estória.
Parabéns por escrever de forma tão sensível.
Beijo.

Clévia disse...

A intenção é: tocar na alma de quem ler!
Obgrigada!
:O)