domingo, 23 de dezembro de 2007

Horror Urbano

Ontem, recebi uma ligação...
"Alô, Clévia, sou eu, (...). Estou dentro de um vestuário, escondida, porque bandidos estavam tentando roubar um carro forte e foi frustrado o assalto, e... Espera... Estão metralhando de novo as portas..."
Era a minha irmã, no centro de Fortaleza, acuada com centenas de pessoas dentro de uma grande loja de roupas unisex, no centro da capital.
Eu quase desmaiei, porque eu também ouvia os tiros. Meu Deus! Que horror! Apesar de ter filhos pequenos, meu único desejo, diante da impotência daquele estúpido momento, era de estar no lugar de minha irmã. ...
O que ela descreveu depois...
"Senti um forte calor, e optei por entrar na loja, pra me refrescar um pouco - fui salva por uma graça Divina - porque ia entrar na loja vizinha, menor. Só Deus sabe o que teria acontecido. Dados três passos para dentro da loja ouvi os tiros de metralhadora. Olhei para trás, havia um homem com uma metralhadora na mão - como o assalto foi frustrado, eles começaram a metralhar, como nos filmes de ação - fui sendo empurrada, pela multidão desesperada. Os seguranças da loja conseguiram fechar as portas de vidros, e automaticamente a segunda porta de proteção, fechava-se. Nada ficou em pé!
Como já havia trabalhado naquela loja, conhecia as dependências. Corri. Invés da escada rolante optei pela escada lateral. Chamava quem eu podia, e fomos lá pra cima. Fui para a última cabine do vestuário infantil. Aglomerávamos lá dentro, enquanto ouvíamos tiros e desesperos...
Liberada a saída, fui uma das primeiras a sair. Parecia cena de guerra: pessoas baleadas deitadas no chão, senhoras passando mal, vi um bebê sendo arremessado porque o pai caia por cima de um obstáculo; não sei se ele ficou bem, pessoas gritando, chorando, sem saber para onde correr, polícia chegando, pessoas na rua sendo roubadas por um arrastão, lojas saqueadas, o hospital lotado, loja incendiada, ambulâncias cheias, gerentes de lojas com as mãos na cabeça (impotentes), vidros de lojas estilhaçados, caos total. Fim do mundo. Consegui pegar um taxi.
Saí ilesa.”
Dias de paz para todos!

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