domingo, 21 de outubro de 2007

Mudança de Plano


Foto: http://www.olhares.com - A rosa

Era quinta-feira de um ano que ficou pra trás.
E naquela madrugada fria e silenciosa, carregava comigo minha bagagem, meus filhos, minha esperança – a pouca esperança que eu tinha naquele momento, e as incertezas diante daquele novo desafio que a vida acabara de me propor.
De imediato, eu precisava chegar ao aeroporto e embarcar rumo a uma nova vida, o mais breve possível. No carro, ia apenas observando a cidade nua. Imediatamente, tudo naquela pequena e angustiante cidade ficava pra traz. O sopro do vento em direção ao meu rosto tornava minha pele gélida e paralisada.
Finalmente estava sentada com meus filhos, nas poltronas 2/A e 2/B, respectivamente. O comandante dava as boas-vindas à tripulação, e a aeromoça realizava com eficácia os procedimentos de segurança. Confesso tê-la olhado com indiferença. Estava concentrada em mim naquele momento. Lembro-me apenas de que fomos informados que a temperatura-destino era de 28ºC. Pouco me importava a quantos graus “andava” aquele fatídico amanhecer! O que de fato observei foram as nuvens. Elas tinham um formato de um tapete estendido à espera de alguém (que agora caminhara só) para por ele poder pisar, caminhar e triunfar!
O sol nascia lindo, ainda que tímido! E ali nascia também uma nova esperança. Até que uma senhora – não afeiçoada ao sol saudável daquela manhã – interrompeu meu único prazer naquele instante: o prazer de ver o contorno que a luz do sol fazia na janela ao lado dela, do lado esquerdo da aeronave, e a fechou.
Minha respiração era ofegante, porém, o tempo todo tentava mantê-la no seu curso normal.
Desembarquei. Um sorriso “amarelo” me esperava no saguão do aeroporto, tentando tornar-se alegre, frustrou-se ainda mais ao se encontrar com o meu sorriso. Dados os cumprimentos, fomos pra casa. Eu estava exausta, exaurida, mas isso não era maior que o meu esgotamento emocional.
Durante algum tempo, dissequei todas as minhas forças, emoções e raciocínio. Tentava incessantemente, inutilmente assimilar a puxada de tapete que a vida me dera. Aquele que também deixei pra trás não era o mesmo homem que um dia escreveu: “Esse amor é meu e jamais o destruirei.” Definitivamente não era!
Já tinha ouvido falar que a vida é madrasta quando quer e, assim, sendo, quando não aprendessêmos por nós mesmos, ela nos ensinaria de forma cruel, como fazem as madrastas más.
Alternava dentro de mim, um momento de dor, outro de descontração. Mas tudo ainda muito fresco na minha cabeça como um peixe que acabara de sair do aquário e estava perdidamente procurando ar para sobreviver.
Minha cabeça dava mil voltas, mas prometi a mim mesma que lutaria bravamente; sabia que não seria fácil e que teria alguns momentos de fraqueza. Mesmo assim, carregava dentro de mim a certeza da volta por cima!

Dias azuis para todos!

8 comentários:

Unknown disse...

Amiga, amei seu primeiro post... Palavras e sentimentos profundos e reais!
Amiga, tu és uma guerreira!
Te amo!!!
Bjos

Zeze Medeiros disse...

Pelo visto o "parto", mesmo sendo "normal", foi bastente proveitoso. Gostei do texto e já estou orgulhoso, pois acredito que indiretamente contribui heheheh.
Beijo virtual

Adimer norberto disse...

linda fico otimo, alem de especial vc e muito inteligente parabens

Unknown disse...

E minha linda voce sempre teve o dom da palavra, e sempre gostou de conversar, rs, mas, um texto assim carregado de emoçoes so comprova o seu dom e nada vale mais que a propria vivencia...
Ficou lindo e sera o primeiro de varios filhos...
MUITO SUCESSO

Unknown disse...

adrei clevia nem precisa de comentario vc e de +
xerimm!!!!
te adoro muito

Clévia Sales disse...

Pois n é q dei a volta por cima! :)

Anônimo disse...

eu sou testemunha dessa volta, e que volta...

Eu e vc sabe ... disse...

O que esperar de uma mulher inteligente como vc ? palavras belas com emoções e sentimento com a sutileza e beleza de um cristal ou talve um diamante. Legal Clévia vc é realmente diferenciada.bjo.